CORROSÃO DE ARMADURAS – ORIGEM DESTA ANOMALIA.
As principais causas para ocorrer a corrosão na armadura da peça de concreto armado são :
- carbonatação – efeito do dióxido de carbono – CO2 presente na atmosfera;
- ataque de cloretos – efeito dos íons cloreto presentes normalmente na atmosfera marinha.
A película passivante da armadura é destruída por ação combinada da umidade, do oxigênio e de agentes agressivos, principalmente cloretos, que penetram no concreto. A concentração destes elementos é variável ao longo da armadura, dando origem a uma pilha de corrosão, devido a diferença de potencial entre trechos diferentes (anodo e cátodo). Surge uma corrente elétrica (fluxo de íons) que sai das áreas anódicas para o concreto (eletrólito), corroendo-as, penetra nas áreas catódicas, protegendo-as e retorna às áreas anódicas, pelos ferros da armadura, fechando o circuito.
Após o início da corrosão, a velocidade de deterioração é significativa em termos de vida útil, onde o teor de umidade, proporção de cloretos e a temperatura são fatores acelerantes do processo de corrosão.
A atmosfera marinha é considerada a região de ar livre sobre o mar e na orla marítima. A agressividade de ambientes marinhos é devido à umidade relativa do ar, cloretos de sódio e magnésio, podendo conter sulfatos em forma de cristais ou gotículas de água que são arrastados pelo vento. Os cloretos são extremamente agressivos e contribuem, quando na atmosfera marinha, para aumentar a velocidade de corrosão, da ordem de 30 a 40 vezes em relação à que ocorreria na atmosfera rural pura (caso de cidades no interior do Estado, isentas de fontes poluidoras). Tal fato explica que um concreto armado no meio rural pode apresentar vestígios de corrosão após 10 anos, quando apresentaria intensa corrosão, em menos de 6 meses, após construído em atmosfera marinha.
FIGURA : Formação de pilha de corrosão em concreto armado (Andrade, 1992 e Porrero, 1975, citado por HELENE, 1986).
A atmosfera marinha pode ser diferenciada em quatro zonas de exposição ( figura a seguir ).
- zona atmosférica : é aquela que, apesar de não contactar com a água, recebe sais com teor de cloretos. Dependendo da cota da estrutura e sua localização, tanto em distância do mar como em relação à velocidade, direção do vento e altura de quebramento das ondas, além de outras condicionantes geográficas terá maior ou menor corrosão;
- zona de respingo: nesta região, a estrutura tem contato direto com a água do mar, onde as maiores taxas de corrosão são registradas;
- zona de variação das marés: é limitada pelas cotas máxima e mínima atingidas pelas marés. Há uma saturação constante da estrutura de concreto e os sais vão sendo acumulados e
zona enterrada: é, como o próprio nome já define, aquela enterrada no fundo do mar e nesta região não há corrosão devido a constante saturação.
Figura : Tipos de exposição em atmosfera marinha x risco de corrosão
O produto da corrosão (“ferrugem”) aumenta de volume significativamente durante o processo de corrosão da armadura, gerando grandes tensões no concreto, originado fissuras e destacamento do concreto e recobrimentos de argamassa, cerâmicas, etc.
Figura : Deterioração progressiva do concreto de cobrimento, devido à corrosão das armaduras.
Figura : perda da camada de cobrimento do concreto
Pelos fatores resumidamente citados anteriormente, diversos prédios existentes nesta região (Baixada Santista), sofrem desgaste e apresentam diversas patologias, que devem ser diagnosticadas e tratadas por profissionais com perícia no assunto.
Não é o que acontece, na prática.
Profissionais autônomos e empreiteiras não especializadas utilizam produtos alternativos, ocasionando um agravamento a médio prazo na estrutura de vigas, lajes e pilares, podendo levar até a graves conseqüências, com riscos de colapso.
Torna-se necessário uma intervenção em todos os locais com destacamento de concreto pela ação da corrosão das armaduras, de forma criteriosa e utilizando materiais específicos e mão de obra qualificada para esta finalidade.
Fonte de consulta: Eng. Walberto Melarato